SEMINÁRIO:
“Azuis ultramarinos. Re-imaginar o império pela análise das projecções (anti-)coloniais no cinema”
ICNOVA-FSCH /Universidade Autónoma
O Estado Novo usou o cinema para impor, interna e externamente, a imagem de um país pluricontinental e multirracial. Muitas ideias propagadas nunca foram questionadas após o restabelecimento da democracia e após as independências dos países de língua portuguesa.
Neste seminário discutir-se-á como é que a propaganda – e a censura – do Estado Novo determinou as representações relativas aos países de língua portuguesa, incluindo os casos da “Ásia Portuguesa” (aula 1), como é que no âmbito dos movimentos de libertação emergiram outras formas de representação fílmica integradas no internacionalismo cinematográfico (aula 2), e como é que, após as independências das ex-colónias, o cinema foi usado para projectar as novas nações, potenciar a criação de identidades nacionais (aula 3 e 4) também com o contributo singular de obras de autor (aula 4).
Este seminário, estruturado em quatro sessões de duas horas, desvelará as evidências da (im)possibilidade de um olhar alternativo ao da propaganda sobre as ex-colónias portuguesas em obras de autor do Cinema Novo que foram censuradas e proibidas. Abordará os usos do cinema durante as lutas de libertação e particularizará os casos de Goa, Macau e Timor. Considerará ainda a emergência de projectos de cinema nacional em Moçambique, Angola e Guiné-Bissau salientando os contributos de alguns autores. Fará uma breve panorâmica sobre as cinematografias actuais nos países africanos com língua oficial portuguesa particularizando também os casos orientais (aula 4).
Sessão 1 – Azuis ultramarinos. Pioneirismo na propaganda colonial nos filmes antes da II Guerra Mundial. Documentários de propaganda política, industrial e turística a partir de final da década de 40.
Sessão 2 – Censura no Novo Cinema com enfoque nas colónias. Os casos Catembe e Deixem-me ao menos subir às palmeiras…. Internacionalismo cinematográfico e movimentos de libertação. Filmes políticos e militantes nas e sobre as (ex-)colónias portuguesas.
Sessão 3 – Os casos africanos: Sarah Maldoror sobre Angola e Guiné-Bissau, o projecto cabralista para a Guiné/Cabo-Verde, e a luta em Moçambique mostrada ao mundo.
Sessão 4 – A projecção das nações de língua portuguesa. Projectos de cinema e televisão nacionais para resgatar as novas nações africanas do “Hemisfério dos observados”. Uma panorâmica sobre os “novos cinemas” que emergiram nas ex-colónias portuguesas.