Pontos de Rede

Encontro de Pontos de Rede 2023 – 8ª Edição – 24 de novembro – Macau, China

Introdução

Em 2006 e em 2008, o Parlamento Europeu e o Conselho definiram as competências essenciais necessárias ao desenvolvimento pessoal, à inclusão social e à empregabilidade. Entre essas competências, as relacionadas a um conceito intercultural são: (a) comunicação em língua estrangeira, (b) competências cívicas e sociais, (c) consciencialização e expressão cultural.

Outro documento importante que afirma a importância das competências interculturais é o relatório “Desenvolvimento da competência intercultural através da educação” (2014). Na sua introdução, o Conselho da Europa afirma que o desenvolvimento da competência intercultural e da educação intercultural é necessário para evitar manifestações de preconceito, discriminação e ódio entre as pessoas.

Num mundo cada vez mais globalizado, composto por sociedades onde convivem comunidades sociocultural e linguisticamente heterogéneas, acreditamos ser importante ensinar e aprender línguas se, de facto, quisermos construir uma  sociedade onde a língua seja o veículo para o entendimento.

A língua que falamos molda a nossa visão do mundo, pois nela estão incluídos costumes e tradições; a  indissociabilidade entre língua e cultura, uma vez que a língua, ao instituir-se como prática social e realidade socio-histórica, é, simultaneamente, produto, veículo e produtora de cultura.

Nos dias de hoje é muito importante que se adquiram cada vez mais competências, além das de âmbito gramatical e semântico existem outras a nível sociocultural e de aprendizagem que são significativas, exemplo disso poderá ser a linguagem corporal utilizada para dizer ‘sim’ e ‘não’ na Grécia que é oposta à forma portuguesa de o expressar.

Comunicar numa outra língua exige mais do que traduzir significados e palavras, há que ter consciência da forma comunicativa dessa mesma língua. Temos, portanto, que ser capazes de pensar na língua em que comunicamos ao ao invés de apenas traduzir o que queremos dizer.

De um ponto de vista meramente linguístico, a competência comunicativa (CC) refere-se ao conhecimento que um indivíduo adquire sobre a adequação dos enunciados ao contexto situacional no qual são produzidos. Importa não só a gramaticalidade de uma expressão linguística, mas principalmente a sua pertinência no contexto e propósitos do falante. A CC integra dois elementos: o conhecimento das regras gramaticais e das regras socioculturais de uso e a pragmática que inclui fatores que não são cognitivos, tais como a motivação e a confiança.

As competências linguísticas e culturais respeitantes a uma língua são alteradas pelo conhecimento de outra e contribuem para uma consciencialização, uma capacidade e uma competência de realização interculturais. Permitem, ao indivíduo, o desenvolvimento de uma personalidade mais rica e complexa, uma maior capacidade de aprendizagem linguística e também uma maior abertura a novas experiências culturais. Os aprendentes tornam-se também mediadores, pela interpretação e tradução, entre falantes de línguas que não conseguem comunicar directamente (QECR 73).

Conscientes de que a língua é um instrumento particularmente eficaz para construir pontes entre culturas diferentes, e de que através dela se torna possível aceder a informações sobre realidades culturais diversas da que está vinculada à nossa Língua Materna (LM), a VIII edição do Encontro de Pontos de Rede procura refletir sobre o conceito de competência comunicativa intercultural (CCI) e a relevência da sua implementação no ensino de PLE no âmbito das exigências de um mundo globalizado pautado por uma crescente mobilidade e interação real e/ou virtual dos seus cidadãos, por forma a levar ao desenvolvimento da consciência intercultural dos aprendentes, ao entendimento de Si e do Outro, conseguindo estes utilizar a língua de forma adequada numa perspetiva sociolinguística, possuindo uma boa competência discursiva, tendo consciência dos significados especiais, valores e conotação da língua.

Pretendemos também refletir no papel do professor em relação ao ensino-aprendizagem da cultura e na gestão da diversidade cultural e linguística presente na sala de aula de PLE, promovendo a abertura, empatia e cooperação por parte dos aprendentes, ou seja, a promoção de uma aprendizagem intercultural, visto que é através da CCI que pessoas com diferentes referências culturais conseguem estabelecer um diálogo produtivo , transpondo barreiras culturais e deste modo enriquecer as práticas culturais individuais (Holliday, 2011).

Assumindo-se como espaço de encontro entre profissionais comprometidos com a melhoria das práticas de ensino do PLE e de partilha de experiências de investigação e de intervenção nesta área, a comissão organizadora do EPR 2023 convida todos os colegas dos pontos de rede do ensino da língua portuguesa na Ásia e Oceânia a contribuir para a reflexão sobre a questão aqui esboçada.

A data de submissão das propostas de comunicação é 11 de outubro.  Deverá enviar as suas propostas de comunicação na ficha em anexo, remetendo-as para o email pontosderede.macau@ipor.org.mo. As comunicações deverão ser enquadradas nos eixos temáticos que a seguir se enunciam:

Eixo 1. A competência intercultural nas aulas de PLE: abordagens didático-pedagógicas

Eixo 2. Aspetos culturais e interculturais na elaboração de materiais didáticos para o ensino de PLE

Eixo 3. As crenças dos professores no ensino da cultura  

PROGRAMA

 

As propostas de comunicação

– título e eixo temático;

– texto-resumo da comunicação (até 2000 carateres, com espaços, excluindo bibliografia);

– até 4 palavras-chave;

– nome do(s) autor(es), filiação académica (se aplicável) e áreas de interesse em atividades de investigação. Para gerirmos as diferenças de fuso horário na organização do programa, no caso das participações por videoconferência, solicitamos também o favor de nos ser indicado o país a partir do qual considera intervir.

Recomendamos que as propostas sejam enviadas em documento “word” e letra “Times New Roman”, tamanho 12.

Para as comunicações, os participantes deverão contar com um tempo de exposição idealmente até 20 minutos, seguido de debate plural. A edição deste ano aceitará participações presenciais e por videoconferência.

O programa definitivo será divulgado oportunamente.

Contamos com a vossa presença, física ou virtual.
Votos de bom trabalho e até novembro.

Em baixo, encontrarão link para a ficha de inscrição.
Ficha de inscrição

A Comissão Coordenadora do EPR 2023,