Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa

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Organizada pelo Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa, a 6ª Semana Cultural da China e dos Países Língua Portuguesa integra este ano, pela primeira vez, uma mostra de teatro daqueles países, com a coordenação do IPOR, no âmbito da qual se deslocam a Macau companhias de Angola, Brasil, Cabo Verde e Guiné-Bissau. 

Abre a mostra, no dia 24 às 20.00h (com exibição também do dia 25, às 17.30h) “A Descoberta das Américas”, pela EmCartaz e Júlio Adrião Produções, do Brasil. Com direcção de Alessandra Vannucci, a peça, da autoria do dramaturgo italiano Dario Fo, Prémio Nobel da Literatura em 1997, teve mais de 500 apresentações só no Brasil onde foi vista por mais de 150 mil pessoas, muito graças ao notável desempenho do ator Júlio Adrião. Uma visão diferente da descoberta da América, ainda que inspirada em fatos reais narrados pelo navegador e cronista Álvaro Nuñes Cabeza de Vaca.

A “Órfã do Rei” é o nome do espectáculo que a companhia HenriqueArtes, de Luanda, apresentará nos dias 25 (20.30h) e 26 (17.30h). Um monólogo interpretado pela atriz Mel Gamboa que, a partir de um texto do conceituado escritor e dramaturgo angolano José Mena Abrantes, nos remete para o final do séc. XVI e o anúncio da partida para Angola de uma das órfãs criadas em asilos reais, acompanhando um marido para si escolhido, uma das estratégias régias para o povoamento e a administração em África.

Da cidade da Praia, em Cabo Verde, vem a companhia Sikinada, que estará em palco nos dias 26 (20.30h) e 27 (20.00h) com a peça “Adão e Eva”, da autoria do escritor e músico cabo-verdiano Mário Lúcio Sousa. João Paulo Brito e Raquel Monteiro propõem aos espectadores uma viagem pelos primeiros momentos após a expulsão de Adão e Eva do paraíso, apresentando um destino possível para essas duas figuras nas quais radicaram, ao longo dos séculos, tantos concepções sócio-culturais no ocidente. Depois de Cabo Verde, Portugal e Brasil, é a gora a vez de Macau entrar na viagem desta companhia.

 Finalmente, o Grupo Teatro do Oprimido, traz da cidade de Bissau uma proposta de teatro que radica nesse movimento teatral surgido no Brasil, muito associado ao teatro comunitário. Em “Sintadu”, a ser exibida dia 25 e 26 às 15.00h, José Carlos Correia, Edilta da Silva, Cuca Monteiro e Elsa Maria Ramos Gomes abordam a amizade e a entreajuda numa tabanca no norte da Guiné. Um homem decide partilhar com um amigo a terra que tinha para que os dois pudessem viver bem. Um gesto do qual todos beneficiaram. Anos mais tarde, porém, esta forma de viver antiga é posta em causa por bisneto e está instalado o conflito, pelo desrespeito pela amizade e pela memória dos antepassados.

Todos os espectáculos decorrem no Auditório do IPM e têm entrada livre (são aconselhados para maiores de 14 anos). Seguindo prática neste tipo de eventos e os pedidos das companhias, as portas de sala serão encerradas 10m após o início de cada espectáculo, de modo a não causar perturbações aos atores.

Como exercício de comunicação, de inovação e de (re)criação, o teatro fomenta o sentido de comunidade e apoia a consolidação de diálogos. Reunindo propostas artísticas de 4 países, a Mostra cria, assim, um evento de artes performativas que, reforçando os propósitos da Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa e do Fórum para a Cooperação Económica entre a China e estes países, afirma igualmente Macau como um espaço de arte e de cultura.

É também nesse sentido que, para além dos espectáculos, foi estabelecido um programa de ação para as companhias que contempla a realização de encontros com alunos em escolas e universidades de Macau nos dias 23, 24 e 27. No sábado e no domingo, dias 25 e 26, às 11.00h, decorrem ainda, no auditório do Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong duas oficinas abertas a todos os interessados. No sábado, Martha Avelar e Thaís Almeida abordarão o “Panorama da produção cultural no Brasil”, enquanto no domingo será Cabo Verde a dinamizar uma sessão sobre produção teatral naquele país.

Para além da coordenação do IPOR, a Teatrau – Mostra de teatro dos países de língua portuguesa tem ainda o apoio do IACM, da Direção dos Serviços de Turismo e do IPM.