TEATRAU – Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa

Sob o lema “Uma Faixa, Uma Rota Cultural”, decorrerá entre 9 e 23 de outubro a 10ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo respetivo Fórum para a Cooperação Económica e Empresarial, evento que tem por objetivo consolidar e incrementar a amizade entre estes povos, promovendo de forma contínua o entendimento mútuo através do aprofundamento do intercâmbio e da cooperação cultural entre a China e os PLP.

No âmbito da programação da 10ª Semana Cultural, terá lugar em Macau a V Mostra de Teatro dos Países de Língua Portuguesa que contará, nesta edição, com grupos representantes da RAEM, do Brasil, de Cabo Verde, de Angola e da Guiné-Bissau, e que decorrerá entre os dias 9 e 14 de outubro, inclusive, no Edifício do Antigo Tribunal.

O projeto decorre uma vez mais sob coordenação do IPOR, que também assume a respetiva produção, visando promover de forma concreta as relações culturais entre a China e os PLP, reforçando simultaneamente o papel da língua portuguesa na Região, tendo Macau como plataforma privilegiada para este intercâmbio.

A edição 2018 desta Mostra recebe, na Black Boxdo Edifício do Antigo Tribunal, 5 companhias teatrais com abordagens apelativas e contemporâneas a textos com caracteres diversos, que vão da inspiração tradicional à dramaturgia experimental.

Assim, de Macau surge uma peça que retoma a vida dos antigos mestres da construção naval na Vila Lai Chi Vun, abordando o inevitável conflito de gerações na evolução dos tempos. “O nosso estaleiro naval “Victory’” será apresentada pela Dream Theater Association, uma entidade fundada em 2008, mas que tem raízes na colaboração que a maioria dos seus membros tem vindo a desenvolver na área já desde os seus tempos de colegas no ensino secundário. Na envolvente da peça, a companhia costuma erigir um mini-estaleiro para que o público possa conhecer o mundo da construção naval.

De Angola chega-nos “A última viagem do Príncipe Perfeito”, trazida à cena pela companhia Elinga. Trata-se de uma peça que, de forma metafórica, acompanha o fim de um império que D. João II ajudou a erigir, recorrendo a eventos ficcionados ocorridos na última viagem deste navio entre Lisboa e Luanda. O Elinga Teatro (do Umbundo ‘‘elinga’’, que significa acção, iniciativa, exercício) foi criado no dia 21 de Maio de 1988. Trata-se, nas palavras do próprio grupo, “de um projecto de teatro voltado para o resgate e promoção da cultura angolana a todos os níveis, incluindo um tratamento moderno dos seus valores tradicionais”.

O Brasil chega a Macau pela mão da companhia NEM – Núcleo Experimental em Movimento que propõe ao público da RAEM uma viagem pelas questões da língua. Num diálogo que concentra duas atmosferas (baseadas nos filmes Um filme falado, de Manoel de Oliveira, e As invasões bárbaras, de Denys Arcand), duas atrizes expõem problemas que vivenciaram em viagens e leituras, enquanto cozinham um vatapá, prato típico da Bahia, Brasil. A lentidão da produção da comida, aqui, associa-se então à lentidão da dinâmica do nosso português, enquanto construção humana que perpassa gerações e conflitos, e se relaciona, paradoxal e concomitantemente, à nossa ansiedade – em nos mantermos vivos, nas angústias que percorrem a nossa sobrevivência.

O grupo Fladu Fla, de Cabo verde, apresenta-se em Macau com a peça “Menos Um”, uma adaptação do conto homónimo integrado na obra literária “Contra Mar e Vento” de Teixeira de Sousa. A peça tem como tema central um dos aspetos socioculturais mais significativos da sociedade cabo-verdiana: a emigração. Fundada em 14 de agosto de 2002, a companhia Fladu Fla tem como objetivo primordial a promoção do espírito de grupo, integração social e profissional dos associados (jovens do ensino secundário e universitários) para um cabal exercício da cidadania. A identificação, investigação, análise e promoção, sob ponto de vista artístico, dos aspetos tradicionais da cultura de Cabo Verde, constituem as metodologias de trabalho da organização.

Finalmente, da Guiné Bissau chega-nos “A mulher é sagrada”, da companhia Os Cérebros de Quelele. Este grupo, criado há cerca de 8 anos, conta já com participações em vários festivais, quer na Guiné Bissau quer no exterior, e apresenta na RAEM uma história de amor que aborda transversalmente o problema do lenocínio.

Os espectáculos são de entrada livre e têm início às 20h00, nos dias 9, 10, 11 e 12 de Outubro. Nos dias 13 e 14, sábado e domingo, haverá três sessões: às 15h00 e 17h30 e 20h30.

Para além de contactos com alguns meios de comunicação social, o programa das companhias engloba ainda a realização de oficinas e de visitas a instituições, estando confirmadas sessões no IPM, Universidade de S. José, Escola Luso-Chinesa Zheng Guanying, Macau Artfusion e Escola Primária Luso-Chinesa da Flora.

Programa