Integrada no programa da 7ª Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa, organizada pelo Fórum para a Cooperação Económica e Empresarial entre a China e aqueles países, a segunda Mostra de Teatro reunirá em Macau, entre 16 e 21 de Outubro, 5 companhias de teatro, representando Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste a RAEM.
A coordenação da Mostra cabe, de novo, ao IPOR que, para além dos aspectos associados à produção, foi ainda responsável pela escolha das companhias, procurando reunir um núcleo representativo da contemporaneidade artística no domínio das artes performativas dos países e regiões representados.
Este ano, a Mostra instala-se no emblemático Teatro D. Pedro V, onde decorrerão os 10 espetáculos que compõem um programa que contempla ainda a realização de sessões e oficinas em instituições de ensino da RAEM.
Assim, de Moçambique chega a companhia Lareira Artes, criada em 2010 por Diaz Santana e Sérgio Mabombo, que vem mostrando teatro moçambicano em vários festivais em Angola, Portugal e Brasil. Nas suas peças, na maioria criações próprias, como é o caso de “A Cavaqueira do Poste”, a companhia privilegia a reflexão sobre temáticas que, decorrendo do seu contexto sócio-cultural de referência ou dos processos globais de desenvolvimento, atravessam o quotidiano dos cidadãos e os afetam. Num registo informal, por vezes atravessado pela ironia e o humor, o espectador é chamado a essa reflexão e, de algum modo, interpelado a agir.
Há 42 anos, procurando combater a letargia e um teatro que pouco refletia leituras e experiências encetadas noutros contextos, um grupo de jovens, entre os quais António Reis, Júlio Cardoso e Estrela Novais, funda um projeto de divulgação cultural, sedeado no Porto, que está na génese do movimento de teatro independente em Portugal.
De então para cá, a companhia Seiva Trupe, além das peças 131 encenadas, tem promovido inúmeras de atividades (colóquios, conferências, recitais, mesas-redondas, encontros de teatro), participando em festivais no país e no estrangeiro (Angola, Moçambique, Brasil, França, Inglaterra, Espanha). “As Mãos de Eurídice”, que Rui Spranger representa, constitui um dos textos em língua Portuguesa mais representados e com ele a companhia junta Macau ao seu longo percurso. de atividade
De São Tomé e Príncipe chegam Os Criativos, grupo criado em 2008, por iniciativa de jovens da localidade de Água Porca, a partir de uma formação em teatro em que participaram.
O reconhecimento público chega-lhes com o programa de comédia televisiva “Nós Por Cá” que, a convite da televisão santomense, mantêm há vários anos e que lhes conferiu o prémio de Melhor Programa da Televisão Santomense em 2012. Além dos trabalhos televisivos, o grupo tem mantido a actividade teatral e espectáculos ao vivo, realizando diversas oficinas do teatro em todo o território nacional de São Tome e Príncipe. Para a Mostra, o grupo traz a peça “O Médico”, uma farsa de Luce Hinter, baseado numa comédia de Molière.
Tomato Leste é um projeto teatral criado em 2012 na Universidade Nacional de Timor Leste por Mireia Clemente, como parte do seu trabalho no Departamento de Cultura na UNTL. Desde então, o grupo desenvolveu vários projectos, entre os quais a criação das peças “Hamutuk”, apresentada no Aniversário da UNTL, em 2012, e “Borboleta”, juntamente com a Comissão dos Direitos das Crianças e a UNICEF, apresentado em Escolas Públicas e para 1500 crianças de Díli no Dia Internacional da Criança.
No âmbito da sua estratégia de educação pela arte, procurando, por essa via, sensibilizar para áreas como os direitos da criança e a igualdade de género, a companhia traz a Macau a peça Babalú, uma criação própria exatamente centrada nessas temáticas.
Na sequência da colaboração estabelecida entre a Associação de Representação Teatral Hiu Kok e o projeto Macao Artfusion, Macau marcará presença na Mostra com a apresentação da peça “A Cegueira”. Num texto bilingue criado por Fernando Sales Lopes e Billy Hui, a partir de “A Line”, de Anthony Chan, e convocando José Saramago e o seu Ensaio sobre a Cegueira, dois atores mostram-nos como o equilíbrio e a harmonia podem ser quebrados quando a prossecução de interesses individuais se lhes sobrepõe, glosando, desse modo, a temática de ”o homem lobo do homem”.
Com falas em português e em chinês, esta cooperação entre a associação Hiu Kok, um dos mais significativos projetos teatrais de Macau, criado em 1975, e a Macao Artfusion, que, desde 2014, procura proporcionar aos jovens uma educação de qualidade nas artes performativas e estimular o desenvolvimento de um ambiente positivo, amigável e profissional, simboliza também o espírito da Mostra, que procura efetuar a aproximação entre as culturas dos países representados no Fórum.
Com entrada livre, os espectáculos têm início às 20.30h. Sábado e Domingo haverá também sessões às 15.00 e 17.30h.