Prémio Camões 2013: Mia Couto

 

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MIA COUTO

Um grande contador de histórias vence o Prémio Camões 2013 

 “ o meu prémio maior é continuar a escrever”

 O Prémio Camões, criado conjuntamente por Portugal e Brasil em 1988, é a mais prestigiada distinção na área da criação literária em língua portuguesa. Anualmente, a distingue um autor lusófono que, “pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Na sua 25ª edição, o Prémio Camões 2013 foi este ano atribuído a Mia Couto. É o segundo autor  moçambicano a ser distinguido, depois de José Craveirinha, em 1991. Ao anunciar o vencedor , o júri – que reúne alternadamente nos países promotores , tendo este ano cabido ao Rio de Janeiro- enalteceu a “vasta obra ficcional caracterizada pela inovação e a profunda humanidade”.

 António Emílio Leite Couto, nasceu em 1955, na Beira (Moçambique), oriundo de uma família de emigrantes portugueses. Em 1971, Mia Couto iniciou os estudos de Medicina, na Universidade de Lourenço Marques (actual Maputo) e adere à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo).  Depois do 25 de abril de 1974, abandonou os estudos, para trabalhar como jornalista no jornal “ A Tribuna”, com Rui Knopfli, e depois na Agência de Informação de Moçambique, que dirigiu. Passou ainda pelo “Tempo” e o “ Notícias”, até 1995.

Regressa à Universidade Eduardo Mondlane, para se formar em Biologia. Hoje em dia, além de escritor , é professor e investigador de ecologia. Costuma, aliás, definir-se como biólogo de profissão, contador de estórias por vocação.

Para a professora Rita Chaves, da Universidade de S.Paulo, “ a noção de identidade perseguida pela obra de Mia Couto projecta-se pela extensão múltipla de um território cortado por fraturas de muitas ordens,Ao incorporar provérbios, lendas, mitos e outras fontes de sabedoria provenientes das matrizes culturais que intervêm na construção do que hoje é Moçambique, o escritor prepara um mapa no qual se registram os acidentes de um processo difícil e fascinante. Tal como suas estórias, que na aparente desarrumação da língua portuguesa ocultam a graça de um presente escondido”.

 Mia Couto foi galardoado com o Prémio Vergílio Ferreira (1999), pelo conjunto da sua obra, o Prémio União Latina de Literaturas Românicas (2007) e o Prémio Eduardo Lourenço (2012). Recebe agora o Prémio Camões, tendo a propósito Eduardo Lourenço afirmado que, Mia Couto “é um elo vivo de toda a tradição portuguesa e de todo o espaço da língua portuguesa”.

 A obra de Mia couto começou a ser publicada há extamente 30 anos, com o livro : de estreia em poesia “Raiz de Orvalho” (1983). Seguem-se “Vozes Anoitecidas” (1987) – Grande Prémio da Ficção Narrativa 1990; “Cada Homem é uma Raça” (1990); “Cronicando” (1991) – Prémio Anual de Jornalismo Areosa Pena 1989 ; “Terra Sonâmbula” (1992) – Prémio Nacional de Ficção da Associação de Escritores Moçambicanos (AEMO); “Estórias Abensonhadas” (1994); “A Varanda do Frangipani” (1996); “Contos do Nascer da Terra” (1997); “Vinte e Zinco” (1999); “Raiz de Orvalho e Outros Poemas” (1999) ; “Mar me Quer” (2000); “O Último Voo do Flamingo” (2000) – Prémio Mário António/Fundação Gulbenkian (2001); “Na Berma de Nenhuma Estrada e outros contos” (2001); “O Gato e o Escuro” (2001); “Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra” (2002) – adaptado ao cinema pelo realizador José Carlos Oliveira; “O Fio das Missangas” 2004); “A Chuva Pasmada” (2004); “Pensamentos,. Textos de opinião” (2005); “O Outro Pé da Sereia” (2006); “Jesusalém” (2009); “ A Confissão da Leoa” (2012).